Os terremotos representam uma das forças mais devastadoras da natureza, especialmente quando se trata de estruturas construídas pelo homem.
Um exemplo marcante disso foi o desastre causado pelos recentes terremotos na Turquia, que resultaram em mais de 105 mil edifícios severamente danificados ou colapsados.
Quando se fala em construção sísmica ou “à prova de terremotos”, muitas vezes pensamos em países com alta atividade sísmica, como Japão, Estados Unidos e Turquia.
No entanto, a necessidade de edificações resistentes a terremotos é uma preocupação global que se estende a diferentes regiões e contextos socioeconômicos.
Este artigo irá explorar os desafios enfrentados globalmente em projetos e construções de edifícios seguros contra abalos sísmicos, com um foco especial nas soluções e inovações que podem ser aplicadas no Brasil.
A Realidade Sísmica Global
- Enquanto alguns países, como Japão e Chile, são conhecidos por sua frequência de terremotos, a verdade é que nenhuma região está completamente imune a esses eventos naturais.
- Ventos fortes, pequenos tremores e até mesmo atividades humanas, como a extração de água subterrânea, podem desencadear abalos sísmicos em áreas anteriormente consideradas seguras.
- A necessidade de construções resilientes é, portanto, uma preocupação global que transcende as fronteiras e os climas.
Lições dos Países Preparados
- O Japão é um líder mundial em prevenção e resposta a desastres naturais, com sistemas avançados de defesa civil, códigos de construção rigorosos e uma população bem educada sobre como agir em caso de terremoto.
- A Europa, através do Eurocódigo 8, e outros países desenvolvidos também adotaram normas rigorosas para garantir a segurança estrutural de edifícios.
- Estes exemplos mostram que a prevenção e a educação são fundamentais para minimizar os danos causados pelos terremotos.
Desafios em Regiões Vulneráveis
- Em áreas pobres ou em desenvolvimento, como o Haiti e partes da África, os desafios são ainda maiores devido a limitações financeiras e infraestruturais.
- A falta de recursos muitas vezes resulta na ausência de medidas preventivas e na utilização de materiais de baixa qualidade, aumentando a vulnerabilidade das construções a abalos sísmicos.
- No entanto, a criatividade e a inovação podem ser aliadas na busca por soluções simples e econômicas para proteger vidas e infraestruturas.
A Importância da Qualidade na Construção
- Independente da localização geográfica ou do contexto socioeconômico, a qualidade na construção é um aspecto crucial para garantir a segurança contra abalos sísmicos.
- A utilização de materiais de alta qualidade, a contratação de mão-de-obra qualificada e o cumprimento rigoroso das normas de segurança são fundamentais para aumentar a resistência das edificações.
- O planejamento estrutural e a escolha adequada dos materiais podem fazer a diferença entre um edifício que permanece de pé após um terremoto e outro que desaba com as primeiras vibrações.
Inovações e Tecnologias Emergentes
- A pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e materiais estão constantemente avançando no campo da construção sísmica.
- Soluções como o concreto EDCC, desenvolvido pela University of British Columbia, e o uso de materiais alternativos, como madeira, bambu e pneus reciclados, estão demonstrando ser eficazes e econômicas.
- Além disso, a arquitetura vernacular e as técnicas construtivas tradicionais também oferecem insights valiosos sobre como construir de forma segura em áreas propensas a terremotos.
Perspectivas para o Brasil
- O Brasil, apesar de não ser uma região de alta atividade sísmica, ainda enfrenta desafios relacionados à construção de edifícios seguros contra abalos sísmicos.
- A negligência na aplicação de normas de segurança, a falta de fiscalização adequada e a construção em áreas de risco são problemas que precisam ser abordados para garantir a segurança das edificações no país.
- No entanto, o Brasil também possui potencial para adotar inovações e tecnologias emergentes na área de construção sísmica, adaptando soluções globais às necessidades locais e promovendo práticas construtivas mais seguras e sustentáveis.
Vídeo mostra uma tecnologia de proteção de edificações contra abalos sísmicos
Projetos à Prova de Terremoto: 5 exemplos que deram certo
Quando engenheiros assumem a responsabilidade de projetar edificações, a consideração das cargas sísmicas torna-se imprescindível, especialmente em estruturas de grande porte como arranha-céus.
Abaixo apresentaremos cinco exemplos notáveis de engenharia que foram meticulosamente projetados para resistir a terremotos de grande magnitude. Confira:
Aeroporto Internacional Sabiha Gökçen
Localizado na Turquia, próximo à falha geológica da Anatólia do Norte, o Aeroporto Internacional Sabiha Gökçen é um dos aeroportos mais resilientes a terremotos do mundo.
Projetado pela renomada empresa de engenharia Ove Arup, esta infraestrutura é capaz de suportar terremotos de até 8,0 Mw (magnitude do momento), graças aos seus 300 sistemas isoladores que reduzem as cargas sísmicas em até 80%.
O terminal do aeroporto fica em uma plataforma amplamente isolada do solo, minimizando os efeitos dos movimentos do solo sobre o edifício.
Edifício Pirâmide Transamerica
Construído na década de 1970 em São Francisco, Califórnia (EUA), o Transamerica Pyramid é um ícone da resistência a terremotos.
Mesmo quando um terremoto de magnitude 6,9 atingiu a região em 1989, fazendo o último andar do prédio balançar quase 30 centímetros de um lado para o outro por mais de um minuto, a estrutura permaneceu intacta.
O segredo está em sua fundação profunda de aço e concreto, que foi projetada para suportar cargas sísmicas, e em um sistema de treliças exclusivo que se estende até o 45º andar, tornando o edifício resistente a movimentos de torção.
Edifício Burj Khalifa
O Burj Khalifa, em Dubai, não é apenas o arranha-céu mais alto do mundo, mas também uma obra-prima da engenharia e da resistência a terremotos.
Sua estrutura é composta por pisos mecânicos que ligam as colunas perimetrais às paredes internas, permitindo que os pilares perimetrais suportem a resistência lateral da estrutura, enquanto a verticalidade das colunas ajuda a suportar as cargas gravitacionais.
Edifício Taipei 101
Situado em Taiwan, o Taipei 101 é um dos arranha-céus mais impressionantes do mundo, conhecido por abrigar o maior amortecedor de massa sintonizada (TMD) ou amortecedor sísmico do mundo.
Este sistema consiste em uma grande bola de metal que funciona como um amortecedor para reduzir a oscilação da torre em resposta a cargas temporárias como vento e terremotos.
Este sistema está localizado entre os andares 87 e 92 e é uma atração para os visitantes que desejam entender melhor a engenharia por trás da resistência a terremotos do edifício.
Philippine Arena
A Philippine Arena, nas Filipinas, é a maior arena abobadada do mundo e uma impressionante estrutura projetada para resistir a terremotos.
Localizada no Círculo de Fogo do Pacífico, uma das regiões mais ativas em termos de atividade sísmica, esta arena foi projetada para resistir a terremotos de até 8,2 Mw.
Seu design inovador inclui uma ampla cobertura de 170 metros e um sistema de fundação que permite movimentos livres em resposta à intensidade do terremoto, mantendo a superestrutura estável.
Conclusão
A construção sísmica é uma preocupação global que requer atenção e ação coordenada em todos os níveis, desde governos e instituições internacionais até profissionais da área de construção e sociedade civil.
As lições aprendidas em países preparados, as inovações tecnológicas emergentes e o compromisso com a qualidade na construção são fundamentais para enfrentar os desafios associados aos abalos sísmicos em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Estes cinco projetos mostram que é possível alcançar o sucesso na construção.
Eles não apenas demonstram a capacidade humana de criar estruturas resilientes, mas também oferecem inspiração e aprendizado para futuros projetos.
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Até a próxima!
